BLOG DO PROJECTO---- "O ESPIRITO DAS ÁGUAS"----

PROJECTO ECOLÓGICO DE PINTURA, POESIA E MÚSICA, DEDICADO À NOSSA MÃE ÁGUA, DA AUTORIA DE DAD (PINTURA) ANDRÉ MOA (POEMAS) E NORBERTO MACEDO (MÚSICA)

DAD e ANDRÉ MOA dão-vos as boas vindas ao Blog O ESPÍRITO DAS ÁGUAS!
gostamos de vos ver por aqui!--------QUE O ESPÍRITO DAS ÁGUAS VOS CUBRA DE BEM ESTAR!

sábado, março 26, 2005

TERRA NOSSA

DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO PROJECTO - "O ESPIRITO DAS ÁGUAS"

Trata-se de um Projecto ecológico, desenvolvido à volta da problemática do valor e da necessidade de "salvar" a "ÁGUA", elemento criador e absolutamente necessário, muitas vezes não suficiente, cada vez menos suficiente à continuação da vida sobre a terra, se não for vista com amor e a nossa dedicação. Foi por ela e para ela, que encetámos esta caminhada entre a pintura e a escrita, a que juntámos, posteriormente a música, magificamente escrita e executada pelo compositor e intérprete NORBERTO MACEDO, português residente no Brasil há muitos anos, onde tem dado o seu contributo a muitos Projectos do tipo do nosso, nomeadamente aos Projectos ligados às pinturas do grande pintor brasileiro Cândido Portinari. Tem sido uma caminhada artisticamente muito interesante, pequeno contributo de um trio de artistas que querem, com as armas que têm na mão, os pincéis, a caneta e o violão, mostrar que as melhores guerras são aquelas que conseguimos ganhar pela emoção e não pela força. É este caminho de cores, letras e acordes, que queremos partilhar convosco!

ANDRÉ MOA - O POETA


Natural de Tabuaço,Concelho Românico do Douro.
Cedo manifestou pendor para as artes, nomeadamente para a música e para a poesia.
A sua obra literária distende-se pela poesia, pelo teatro, pelo conto, pelo romance e pelo ensaio.
Consta da antologia “14 Poetas daqui e de agora” – 1973, Angra do Heroísmo, Açores.



Participações: colectiva de poesia e pintura – 1974 – Angra do Heróismo, Açores.Exposição de pintura e poesia, com a pintora Dad, “Fusões e emoções” – 2002, no, Centro Cultural de Lagos.Exposição de poesia e pintura dos países de expressão portuguesa, “ Sílabas e afectos da Lusofonia”- 2002, no Centro Cultural Casapiano, Lisboa.Exposições de pintura e poesia, com a pintora Dad em 2002, no Centro Cultural de Lagos, Centro Cultural Casapiano, Póvoa de Varzim.Alguns títulos da sua obra: Cantata da paz em dó menor; Poemacão; Poemas indefinidos; Do sentimento à razão; P(ovo); De grau 8; Espaço disponível; Liturgia das horas; Nocturnos; O pensamento das árvores; Barqueiro do rio homem; Noites de argila; Medos e mitos; Uma réstia de amor; O Imperador; A guerra do Garnel; Felizmente a vidaLivros de pintura e poesia, em parceria com a pintora Dad:”Noites de Argila” “Lorosa’e” e “O Espírito das Águas.

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DAD - A PINTORA - CURRICULUM RESUMIDO

Nasceu no Algarve, em Lagos. Desde sempre desenhou e pintou, tendo frequentado aulas particulares e o atelier de vários pintores amigos. Por eles foi incentivada a mostrar o seu trabalho o que só aconteceu depois de muitos anos de se dedicar à pintura e à cerâmica. Passou por fases diversas mas as suas mostras públicas só se iniciaram no período em que a sua pintura tomou o caminho do neo-figurativo e da abstracção.Tendo vivido em Londres, em Luanda e em Paris, onde ainda teve atelier, foi absorvendo tonalidades, vivências e emoções que muito contribuíram para consolidar as formas, as manchas e as cores que expressa na sua pintura. Tratando-se de uma pintura sensitiva, projecto de compromisso entre o visível e o invisível, procura transmitir através de técnicas mistas, ora suaves ora profundas, o eco desses dois planos sempre presentes.Os seus trabalhos encontram-se em colecções particulares um pouco por todo o mundo e está representada em várias colecções de galerias em Portugal e no estrangeiro.Está referenciada nos vários livros editados pelo Museu da Água e ainda nas Edição de 1993 e 2000 do livro “As Artes Plásticas em Portugal” e na edições “Pintores Portugueses” do ano 2001 e 2003. Livros de pintura e poesia, em parceria com o poeta André Moa:”Noites de Argila” “Lorosa’e”; “O Espírito das Águas”.Participou em cerca de 300 exposições, individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro. Expôs em vários Centros Culturais,Galerias, Câmaras Municipais e outros sitios adequados. Em 2004 foi lançado o Projecto “O ESPIRITO DAS ÁGUAS”, em parceria com o poeta André Moa, projecto que ainda continua a ser exposto dada a grande importância ecológica do mesmo.


SALVAR A ÁGUA, É SALVAR A VIDA NA TERRA!

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NORBERTO MACEDO - O MÚSICO


Em Barcos, perto de Tabuaço, nasceu Norberto Macedo, conhecido compositor, exímio intérprete e consagrado professor de violão (viola clássica) no Brasil, e que tem vindo a formar muitos músicos brasileiros conhecidos. Como concertista, Norberto Macedo é considerado um virtuoso intérprete capaz de impressionar com a sua técnica as mais exigentes plateias e de fazer nascer no íntimo de quem o escuta as mais subtis emoções.


A revista americana Creative Guitar Internacional publicou há alguns anos um artigo intitulado Brazilian Macedo Performs, Composes em que Norberto Macedo foi elogiado tanto pela sua técnica e interpretação, como pelas suas composições, considerando que “o talento de Norberto Macedo impressiona como um diamante lapidado a partir da melhor gema”.
Foi Norberto Macedo o responsável pela música que ilustra o Projecto "O ESPIRITO DAS ÁGUAS". Neste momento está envolvido num outro Projecto Internacional com a Fundação Portinari, que procura através dos quadros pintados por aquele grande pintor,Cândido Portinari, homenagear a obra D. Quixote, de Cervantes.

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domingo, março 20, 2005

O ESPIRITO DAS ÁGUAS


NO ÍNTIMO AQUÁTICO,A SEMENTE DA VIDA.
NA LUZ REFLECTIDA,A EMERGÊNCIA DOS CÉUS.
NO PRINCÍPIO CRISTALINO DO SAL,
O ABSOLUTO IMPERCEPTÍVEL DO SER.
NOS ABISMOS INSONDÁVEIS DO MAR,
A ÂNSIA IMEMORIAL DA FLOR.
NO AZUL INVISÍVEL DE TODAS AS COISAS,
PROFUNDO E DOCE,
O TRANQUILO ESPÍRITO DAS ÁGUAS

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quarta-feira, março 16, 2005

O CORAÇÃO DAS ÁGUAS


ENTRE A ÁGUA E O FOGO HÁ
UM TÁCITO ACORDO
UM LÍQUIDO E FUGAZ ENLEIO
UM ABRASADOR ENLEVO
UM PENETRANTE AFAGO
RUBROS REQUEBROS
DESMAIADOS REFRIGÉRIOS
BORBULHAR DE PAIXÕES TELÚRICAS
PEIXES VERMELHOS COMO SE FOSSEM
LABAREDAS SEQUIOSAS À FLOR DAS ÁGUAS
TRANSLÚCIDOS RUBIS A ENFEITAR O COLO
DE VIRGENS EM SOBRESSALTO
A SAUDAR A INICIAÇÃO DO AMOR
ENTRE CASCATAS DE ÁGUA E FOGO EM CACHÃO
EM GESTOS FULMINANTES QUE NOS LEVAM
DA RAZÃO AO SENTIMENTO
DO SENTIMENTO À RAZÃO

ASSIM BATE A VIDA NO CORAÇÃO DAS ÁGUAS
ASSIM BATE O CORAÇÃO

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RITUAIS DE ÁGUA


VIVER TRANQUILAMENTE
SEM MEDOS DE MOSTRENGOS
EM MARES ENCAPELADOS

RECUSAR O TRAVO DA INCERTEZA
NÃO BEBER A CICUTA DA TRISTEZA
DECANTAR COM FERVOR AS ÁGUAS
EVAPORAR MEDOS E MÁGOAS

RESPIRAR SEM SOBRESSALTOS
A BRISA QUE VEM DO MAR

FRUIR COM CERTA CALMA
OS DIAS QUE SOBRAREM
DESTE CALAFRIO DE ALMA

ENTRAR NO LEVE AZUL DAS ÁGUAS
COM A BRANDURA QUE O MAR REQUER

DEIXAR QUE A ESPUMA NOS SALPIQUE
E AS ONDAS NOS ABRACEM
COM SEUS LÂNGUIDOS REQUEBROS DE MULHER

VER DE NOVO E DE OLHAR PURO
EM CADA GRÃO DE AREIA UM CRISTAL
EM CADA GOTA DE ÁGUA UM DIAMANTE
EM CADA PEDRA UM VETUSTO ALTAR
EM CADA NOBRE GESTO UM RITUAL
EM CADA BOCA A ALEGRIA DE DOIS LÁBIOS
EM CADA HOMEM O PRAZER DE INVENTAR
IDEIAS CLARAS SENTIMENTOS SÁBIOS

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FLORESTAS COM LUAS D'ÁGUA


NEM TODAS AS FLORESTAS SÃO ESPAÇOS
POVOADOS DE SÁTIROS DUENDES
LOBISOMENS TARÂNTULAS PAPÕES
FADAS MÁS TEMORES ASSOMBRAÇÕES.
HÁ FLORESTAS COM LUAS DE ÁGUA
CASCATAS FEITAS DE MIL CORES
VIRGENS ESCONDIDAS NO ARVOREDO
DESEJOSAS DE SE DAR MAS COM PUDOR
E ALGUM RECEIO DE MOSTRAR
SEU CORPO DOCE
BOCA E SEIO.
HÁ FLORESTAS FEITAS DE PROMESSAS
ONDE TUDO SE ADIVINHA E SE ACALENTA.
HÁ FLORESTAS QUE NASCEM E CRESCEM
NO MAIS PROFUNDO E TRANQUILO MAR.
HÁ FLORESTAS QUE SÃO JARDINS SUSPENSOS
ÉDENS DE SONHO A FLUTUAR.
HÁ FLORESTAS DE SENTIR
FLORESTAS POR VIR E POR HAVER
FLORESTAS CONSTRUÍDAS DE ÁGUA E LUZ
HÚMIDAS CORES
SEDUTORAS ILHAS DOS AMORES.
HÁ FLORESTAS QUE NÃO SÃO DE VER
COM OLHOS QUE A TERRA HÁ-DE COMER
MAS COM OS OLHOS DO IMAGINAR
FLORESTAS QUE SÃO
FUTUROS PROJECTADOS NO FUTURO
LUAS CADENTES
LÁGRIMAS CANDENTES
FLORESTAS QUE SÃO TERRA CÉU E MAR
A DESCOBRIR A INVENTAR
QUE SÓ EXISTEM PORQUE EXISTE
A SAGRADA HUMANA FORÇA DE CRIAR.

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IORYMAR


IORYMAR
OURO E MAR
INFÂNCIA E ÁGUA
CRIANÇAS A BALOUÇAR
NO RITMADO AZUL DAS ONDAS

IORYMAR
SORRISOS SALPICADOS
BEIJOS DE ÁGUA DESENHADOS
NOS LÁBIOS SEM MÁGOA
DOS MENINOS DO MAR

IORYMAR
CRIANÇAS DO MAR
MEMÓRIA DE ANTIGAS ÁGUAS
ESPUMA RELUZENTE
CABELOS ESCORRIDOS
ANJOS PRESSENTIDOS
VESTIDOS DE GENTE

SOB O MANTO DA QUIMERA
NAS ÁGUAS RECRIAM
REINOS DE OUTRAS ERAS
NOVAS PRIMAVERAS
COM A VIDA A RENASCER
E A VOLTAR A SER
DE NOVO IORYMAR
CRIANÇA DE OURO E MAR

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SENHORA DAS ÁGUAS


NO FUNDO DOS MARES MORA UMA SENHORA
COM FORMAS E NOMES DE MÚLTIPLAS CORES
VESTE DE ATLÂNTICO TEM MANTO REAL
BERÇO AFRICANO NO BRASIL ALTAR

FALA PORTUGUÊS DANÇA CANDOMBLÉ
SENHORA DAS ÁGUAS RAINHA DOS MARES
DELA TUDO NASCE É MÃE DE ORIXÁ
SEREIA DO NORTE ONDINA DO SUL
SEDUTORA SINHÁ AROMA E FLOR
COM ENFEITES DE ÁGUA SENTIMENTO AZUL
VÉNUS DE TERNURA DEUSA DO AMOR
LÍQUIDO REQUEBRO PROTECÇÃO E GUIA
ESTRELA DOS NAVEGANTES PERDIDOS NO MAR

SENHORA DAS ÁGUAS

MÃINHA IEMANJÁ

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ÁGUAS DE MARÇO


ÁGUAS DE MARÇO
TERNO ABRAÇO
DO CÉU À TERRA
DO SOL AO GRÃO
À ERVA TENRA
AO VELHO ROBLE
À FOGOSA GIESTA
AO DORIDO SARGAÇO
AO TORTURADO CHÃO

ÁGUAS DE MARÇO
HUMILDE HÚMUS
HÚMIDO REGAÇO
SANGUE E SEIVA
FERMENTO E PÃO
ALEGRIA E FESTA

ÁGUAS DE MARÇO
MARÇO MARÇAGÃO
CIO DE PRIMAVERA
PROMESSA DE VERÃO

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SEDE


SOL E ÁGUA TERRA MÃE
SEDE E MÁGOA TERRA MÁRTIR

SOL E ÁGUA O MEL ESCORRE
SEDE E LÁGRIMA O HOMEM CORRE
DESÉRTICAS MIRAGENS COM A SEDE
A MORDER-LHE OS LÁBIOS
A ERGUER-LHE OS BRAÇOS
EM DELÍRIOS DE NAUFRÁGIO
A ENCHER-LHE A BOCA RESSEQUIDA
COM ESGARES DE OÁSIS SUPLICADOS
ATÉ QUE SUCUMBE E MORRE
À BEIRA D’ÁGUA MORRE

ENQUANTO A ÁGUA MESMO POLUÍDA
NATURALMENTE CANTA E CORRE ALEGREMENTE CANTA E CORRE

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SENTIMENTOS DE ILHA


A ILHA É UM CORAÇÃO VERMELHO BORDADO DE AZUL
A ILHA É MESMO ASSIM
AZUL POR DENTRO AZUL POR FORA
AZUL A PARIR OUTROS AZUIS
ORLADA DE MAR AZUL E RENDA BRANCA
ESPUMA SOLAR COM LUAS E ESTRELAS
A BRINCAR AOS ESPELHOS
FEITOS DE CLARIDADES NOCTURNAS
POUSADAS NA ONDULAÇÃO MANSA DE AZUIS ADORMECIDOS
A ILHA TEM DESTAS COISAS LINDAS

AS COISAS FEIAS DA ILHA NÃO SÃO DELA
NEM DOS AZUIS QUE NELA NASCEM ESPONTÂNEOS
AS COISAS MÁS DA ILHA SÃO FRUTOS DE SEMENTES
TRESLOUCADAS
TRAZIDAS POR HOMENS EM DELÍRIO
APOSTADOS EM SEMEAR DESERTOS
DESESPEROS
NO AZUL NATURAL DA ILHA

QUEM SEMEIA DESERTOS DESESPEROS
AREIAS TEMPESTADES NO AZUL DA ILHA
COLHERÁ DESERTOS PÁLIDOS DESESPEROS
ESGROUVIADAS FORMAS DE SECURA E SOLIDÃO
UM MAR SOLIDIFICADO LOUCAS DUNAS
CABEÇAS PETRIFICADAS DE ÓDIO E DE TERROR
NUVENS DE CINZA E DOR

A ILHA REQUER
HOMENS BONS
PÁSSAROS E ÁRVORES EM FLOR

A ILHA É UMA MULHER
VESTIDA DE AZUL
PUJANTE DE DONS
SEDENTA DE AMOR

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TRANSPARÊNCIAS


SERENAMENTE DEITADO NO AZUL
ENVOLTO EM PEDRAS
DEIXO DIVAGAR A MENTE
PINTORA DE MOMENTOS SOSSEGADOS
ESCULTORA DE SÚBITOS INSTANTES
E TRANSPARENTES NÚS

ENTRE BRUMAS ENVOLVENTES
VISLUMBRO ILHAS PENDURADAS
NO MAR CELESTIAL DAS EMOÇÕES
QUE O SOL TRANQUILO ASPERGE
DE AMARELOS PACHORRENTOS
PARA QUE TUDO SE TRANSFORME
NO IRREAL SONHADO

TEU CORPO LÂNGUIDO
DE MULHER PRESSENTIDA
NO CONVÉS VAPOROSO DE UM NAVIO
ATRAVESSA A ARAGEM
COMO SE FOSSE ASA
LEVE BRISA
UM ROÇAGAR DE LÁBIOS NOS MEUS LÁBIOS SEQUIOSOS DE TERNURA


NA PROFUNDA TRANSPARÊNCIA DO DESENHO
A LOUCURA O TAMANHO DO DESEJO
O CORPO INADIÁVEL DO SONHO

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PAISAGEM DE ÁGUA


AFAGO DE NUVENS TRANQUILAS
AGITAÇÃO AZUL DE ONDAS SOSSEGADAS
REPOUSO DE QUIETAS ENSEADAS
RODOPIOS QUASE INERTES DE SUAVES TONS
PASMOS DE SILÊNCIO E DE PALAVRAS
CORAÇÃO A ABRIR-SE LENTO LENTO
AO IMPERCEPTÍVEL ROÇAGAR DO VENTO

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O REDIMIR DAS ÁGUAS


IMPERCEPTÍVEIS TENTÁCULOS
LONGILÍNEAS MÃOS
TUDO ENLAÇAM

TUDO QUANTO A TERRA EXPANDE
AS ÁGUAS BEIJAM.

NA SOMBRA OS MONSTROS ESBRACEJAM
OS HOMENS DELAPIDAM
AS ALGAS DELIRAM
OS PEIXES ADOECEM

AS ÁGUAS TUDO SOBRELEVAM
TUDO TENTAM REDIMIR.
NAS ÁGUAS TUDO PRINCIPIA E SE CONCENTRA
O ESPÍRITO DAS ÁGUAS NÃO DORME
TUDO ACEITA E ACARINHA

ATÉ QUANDO?

ATÉ QUANDO O PERDÃO DA VIDA?
PARA QUANDO O REDIMIR DAS ÁGUAS?

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EXPLOSÃO DE AZUL


MAR VAGA ROCHA ESPUMA
CONTACTO LÍQUIDO DE UM GRITO

CADA PEIXE É UMA MÁGOA CINTILANTE
MOVIMENTO GIRATÓRIO INCESSANTE
EM REDOR DO DESESPERO

CONDENADO A NÃO SER SENHOR DA TERRA
NEM DO MAR
EXPULSO DA FLUIDEZ DO SEU CORPO AQUÁTICO
O HOMEM ENFEITOU-SE DE OCEANOS
ILIMITOU-SE DE FRONTEIRAS E DE MAPAS
PASSOU A ESCREVER NOMES VAZIOS
NA IMENSA EXPLOSÃO DE AZUL

RESTA GRAVAR ENQUANTO É TEMPO
A NOSSA IMAGEM NAS ÁGUAS E NO SAL
E ENSAIAR SOBRE ESTE CADAFALSO
DE SENTIDOS CONTRAFEITOS
SOB O EFEITO DO ENJOO
A FUGA A EXPLOSÃO O VOO

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O LAGO


ESPELHO CRISTALINO
LÂNGUIDO ESPRAIAR
SUAVE EXALTAÇÃO DE ESPUMA
BRANDA MÃO MACIO AFAGO
SERENO E TRANQUILO LAGO

ILHA AZUL LÍQUIDA FESTA
HÚMIDO LÁBIO A REFRESCAR
O VERDE FULVO DA GIESTA
DOLENTE CORPO ARREDONDADO

SERENO E TRANQUILO LAGO

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FUSÕES E EMOÇÕES


DA CONFUSÃO DO CAOS
À FUSÃO ESPAÇO-TEMPO;
DA CONFUSÃO DO SENTIMENTO
À EMOÇÃO CONTIDA PELA CENTELHA
HUMANA CRIPTODIVINA CRIADORA;
DA FUSÃO DA LUZ DA COR
UM GRITO DE RAIVA E DE AMOR;
DA FUSÃO DO SENTIMENTO COM A ARTE
A REPARTIÇÃO DO PÃO DA VIDA
A CRIAÇÃO DE PAISAGENS REFLECTIDAS
A EXTERIORIZAÇÃO PROFUNDA DO ÍNTIMO RECÔNDITO
CINTILAÇÕES PROFUSAS DE ÁGUA E FOGO
A VIDA TODA CONDENSADA NUMA TELA.
CADA QUADRO É UMA JANELA
COM VISTAS PARA UM VULCÃO EM PLENA ACTIVIDADE
A ESCORRER LAVA DE PAZ E SERENIDADE.
TERRA ÁGUA FOGO
A VIDA INTEIRA O MUNDO TODO
FLOR DE LÓTUS A EMERGIR DO LODO
PALPITAÇÕES INTERIORES EM FORMA DE PAISAGEM
FUSÕES E EMOÇÕES FEITAS IMAGEM.

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O PÁSSARO DO AMOR


PÁSSARO VÍVIDO TEU CORPO ADEJA NO MEU SONHO
E LOGO ESTE TEMPO SONOLENTO SE TRANSFORMA
NUM SUAVE MARULHAR DE ANSEIOS.
LÍQUIDA REFULGÊNCIA TUAS ASAS FUNDEM-SE NAS MINHAS.
OS NOSSOS CORPOS ASSIM ALADOS
ASA COM ASA O MESMO PALPITAR
NO CONJUGADO ESFORÇO DE VOAR
RISCAM ROTAS TRAÇAM RUMOS JUSTAPOSTOS.
SÚBITO EM NÓS TUDO SE CONFUNDE SOMOS
UM SÓ PÁSSARO UM SÓ RUMO O MESMO VOO
PENSAMENTO SENTIMENTO E ACTO
CONJUGAÇÃO A DOIS DO VERBO AMAR
UNIDADE VITAL DO NOSSO SER EM FESTA.
CONTIGO ALCANÇO O ÊXTASE DO VOO
CADA ABRAÇO ATINGE A LEVEZA DO PÁSSARO
E LOGO TODA A MÁGOA SE DESFAZ EM ÁGUA
E A LÁGRIMA EM RIO E O RIO EM BARCO
E O BARCO EM SORRISO CASCATA LUMINOSA
ONDE A VIDA SE BANHA PARA SER
CRISTALINO E RENOVADO AMANHECER

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NAVEGAR OS MUNDOS


Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana...”
Luís de Camões

ALÉM DA TAPROBANA
O INFINITO DOS MUNDOS
O RECOMEÇO DOS MARES
NOVAS TERRAS POR ACHAR
BARCAS NOVAS QUE NOS LEVAM
AO MAIS PROFUNDO DE NÓS
ONDE IREMOS ENCONTRAR
NOVAS ÁGUAS
NOVOS MARES
NOVAS VELAS POR IÇAR
NOVAS GENTES A ABRAÇAR

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ODE


RIO DE CRISTAL
SORRISO E LÁGRIMA
CANTO E MÁGOA
ÁGUA ÁGUA ÁGUA

TEU BROTAR A VIDA ACALENTA
TEU CANTAR AS ALMAS DESSEDENTA
TEU JORRAR É O PULSAR DO CORAÇÃO
PÉROLA DE ORVALHO BRILHO SOLAR
FLOR EM BOTÃO

VIDA A NASCER DE ENTRE AS FRAGAS
DOCE E CRISTALINA VOZ
FONTE DE ALEGRIA
TUA AUSÊNCIA FAZ DE NÓS
PEDRAS AMARGAS
NATUREZA MORTA E FRIA

CANÇÃO QUE O DESERTO CHORA
BENÇÃO QUE A TERRA IMPLORA
ÁGUA ÁGUA ÁGUA

TUA LIMPIDEZ É A FACE DA ALEGRIA
TUA FRESCURA É CORPO E ÂNFORA
SAÚDE E PRAZER
TUA FLUIDEZ É BOCA E LÁBIO A AFAGAR
O GESTO O VERBO A ARTE DE AMAR

RIO DE CRISTAL
SORRISO E LÁGRIMA
CANTO E MÁGOA
ÁGUA ÁGUA ÁGUA

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PAISAGEM DE ECOS E GRITOS


DE ECOS E GRITOS SE PREENCHEM AS PAISAGENS ASSUSTADAS
ECOS TENEBROSOS RESSOAM NAS PAISAGENS TENEBROSAS
SÃO LANCINANTES OS GRITOS QUE ATRAVESSAM PAISAGENS LANCINANTES
ECOS E GRITOS INCENDIÁRIOS INCENDEIAM PAISAGENS INCENDIÁRIAS
EM PAISAGENS INFERNAIS SÓ ECOAM GRITOS INFERNAIS
SEREIAS E DUENDES HABITAM CONTRAFEITOS PAISAGENS ANGUSTIADAS
PAISAGENS ALUCINADAS POVOAM POUCO A POUCO A TERRA INTEIRA
PAISAGENS ALHEIAS ÀS PAISAGENS ÍNTIMAS DE OUTROS TEMPOS
PAISAGENS SEM ECOS GRITADOS
PAISAGENS TRANQUILAS ONDE APASCENTAVAM
GRÁCEIS GAMOS CORDEIROS INOCENTES
PAISAGENS DE BOSQUES CICIANTES
LAGOS TRANSPARENTES
TRANSLÚCIDOS MARES
SERENOS RIOS RIBEIROS SALTITANTES
PAISAGENS CALMAS DE ECOS AMANSADOS

DE GRITOS AMAINADOS
PAISAGENS NATURAIS PAISAGENS DE
BEIJOS SUSSURRADOS MURMURADOS AIS




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EM CASCATA


PARA DESCANSAR O MEU LÍQUIDO CORPO
TENHO TODO O TEMPO PARA ALÉM
DESTE TEMPO MEU
E A IMENSIDÃO DO ESPAÇO.
NÃO TENHO PRESSA DE PERDER O TEMPO
E GANHAR O MAR ONDE OS RIOS MORREM.
ENTRE O CHEGAR E O NÃO CHEGAR
PREFIRO CONTINUAR A SER
RIACHO SALTITANTE
A CANTAR DE PEDRA EM PEDRA
DESPREOCUPADO COMO CRIANÇA OCUPADA
NO JOGO DA CABRA-CEGA
E QUE AS LUAS ME CUBRAM
COM VERDES DESMAIADOS
NAS NOITES VIRGENS DAS FLORESTAS
A PERCORRER
E QUE A CLARIDADE DE MIM FAÇA
ÁGUA INCENDIADA
CASCATA DIURNA E REFULGENTE
A BRINCAR COM O SOL AO ARCO-ÍRIS
NO COLO MATERNAL DA TERRA.
QUANDO NOS FINAIS DOS TEMPOS
ENTÃO CHEGAR AO MAR
SEREI O QUE CALHAR
ANJO OU VERME
TUDO OU NADA
ÁGUA TRANSFORMADA
EM LÚDICA GAIVOTA
ALVOROÇADA




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ÁGUA PAIXÃO


NUVEM RIO MAR LODO

CINZA FOGO LAVA ESPASMO

GALÁXIA A CONDENSAR O UNIVERSO TODO
BOTÃO DE ROSA NA BOCA DO ORGASMO

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AMANHECER


QUANDO AMANHECE A MONTANHA É
UM ELEFANTE SEQUIOSO
A DESPERTAR DA BRUMA LAMACENTA
EM QUE SE DEITA

O ORVALHO TRANSFIGURA-SE
EM ESPELHOS DE ÁGUA FÉRTIL
ONDE SE DERRETEM AS EMOÇÕES DA NOITE
E SE REFLECTEM DIURNAS ESPERANÇAS

NA POALHA RÓSEA DA ALVORADA
ESFUMAM-SE OS LUTOS
AMAINAM-SE AS PRECES
TODAS AS COISAS PARECEM FLORIR
TODAS AS BOCAS ENSAIAM SORRISOS
AO FUTURO QUE O SOL NASCENTE TRAZ
NO SEU VENTRE REDONDO
ALEGRE PROMISSOR

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DE ÁGUA E DE FOGO


DE ÁGUA E DE FOGO SE FAZ TERRA
DA ÁGUA EM FOGO SURGE O AR
DE ÁGUA E DE FOGO É FEITO O CORPO
DE ÁGUA EM FOGO BRANDO IRROMPE O MAR
QUALQUER CORPO SE DESDOBRA EM FOGO E ÁGUA
DOS OLHOS SALTAM CHISPAS BROTAM LÁGRIMAS
DA BOCA LABAREDAS E CARINHOS
A MENTE GERA O ACTO CRIADOR
E O CORAÇÃO FEITO DE SANGUE E MÁGOA
(RAZÃO E SENTIMENTO FOGO E ÁGUA)
SERÁ POR TODO O SEMPRE A TERNA CAUSA
A INESGOTÁVEL FONTE DO AMOR

NUM CORAÇÃO EM FOGO É QUE A TERNURA
CONJUGA EM TEMPO E MODO O VERBO AMAR

DE ÁGUA E FOGO É FEITO O UNIVERSOO TOM A COR O SOM O VERSO

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terça-feira, março 15, 2005

O NOSSO RIO


O NOSSO RIO É UMA BENÇÃO UM SACRILÉGIO
UM SACRÁRIO UMA LIXEIRA
UMA CORRENTE QUE NOS LAVA O SENTIMENTO
UM MONTURO QUE NOS CONSPURCA A RAZÃO
UM CAUDAL ENVENENADO
UMA FONTE DE AFLIÇÃO

O NOSSO RIO É UMA MIRAGEM
IMAGEM DE UM RIO QUE INUNDOU A NOSSA INFÂNCIA
DE PEIXES PRATEADOS ESTRELAS CINTILANTES
UMA CASCATA DE ALEGRIA TRANSPARENTE
A CORRER PURA E LEVE PARA O MAR

O NOSSO RIO VEM NO MAPA DA MEMÓRIA
É UMA HISTÓRIA
UM TESOURO A DEFINHAR
O NOSSO RIO DÁ-ME SEDES DE O SALVAR

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A QUIMERA DO OURO


ATRAVESSAR A VIDA
PERFURAR A TERRA
DESCER AO MAIS PROFUNDO DOS ABISMOS
BUSCAR SÓIS NA ESCURIDÃO

ARRANCAR A ESCOPRO E FANTASIA DAS ENTRANHAS
ESTRANHAS GALÁXIAS DE AQUOSA FELICIDADE
QUE CEDO SE EVAPORA AO CONTACTO
DO REAL TANGÍVEL

CONSTRUIR CATEDRAIS DOURADAS A EMERGIR
DAS ÁGUAS
QUE LOGO SE TRANSFORMAM EM BALÕES DE NADA
DO TAMANHO DO DELÍRIO
RUMO AO INFINITO DA QUIMERA
QUE ÁVIDOS APERTAMOS NA CONCHA RAREFEITA
DAS NOSSAS MÃOS VAZIAS

RESTARÁ O AZUL CONCRETO DOS ESPAÇOS

SEM LUGAR NENHUM PARA OS NOSSOS PASSOS

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OS ATLANTES



NA SUSPIRADA MEMÓRIA DOS TEMPOS
NOS LENDÁRIOS MUNDOS DE OUTRORA
NOS ALVORES DOS DIAS ÁUREOS
DO ANSIADO REINO DA ATLÂNTIDA
DEUSES E HOMENS
HOMENS QUASE DEUSES
DEUSES QUASE HOMENS
PARTILHAVAM CÉUS E TERRA
PERCORRIAM LADO A LADO
OS FLORIDOS CAMINHOS DA VENTURA
BEBIAM DA MESMA FONTE
OS EFLÚVIOS DA VIDA
OS PERENES SABORES
DE UM SENTIDO AFAGO
DE UM ABRAÇO TERNO
O IMORTAL DESEJO DO AMOR ETERNO

ALVAS TÚNICAS COBRIAM OS HUMANOS CORPOS
RUBRAS ROSAS CINGIAM AS DIVINAS CRIATURAS
LEITE E MEL BROTAVAM NATURALMENTE
NESSES SONHADOS TEMPOS DE PAZ
E DE ABUNDÂNCIA PARA TODA A GENTE

EM DIA DE NUVENS ÍMPIAS O HOMEM
REBELOU-SE CONTRA A SUA HUMANA CONDIÇÃO
E FEZ-SE DEUS SENHOR E DONO
DO QUE ERA SEU E DO SEU IRMÃO

E TODA A VIDA SE DESFEZ EM LÁGRIMAS
E LOGO A TERRA INTEIRA SUBMERGIU
NUM SILÊNCIO ETERNO NUM ETERNO SONO
ATÉ QUE O HOMEM RECONQUISTE
A HUMANA CONDIÇÃO DE SER
PARA TODO O SEMPRE
GENTE ENTRE GENTE EM TUDO IGUAL À FLOR
GENTE SEM ÓDIOS HOMENS SEM MÁGOAS
GENTE BRANDA COMO O ESPÍRITO DAS ÁGUAS
HOMENS PUROS COMO UM RIO CRISTALINO
GENTE GENEROSA COMO TERRA SEMEADA
HOMENS DE CORPO LUMINOSO MENTE ABERTA CORAÇÃO DESPERTO ALMA INCENDIADA

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RIO HOMEM


DO ÍNTIMO NEGRUME DA MONTANHA
IRROMPE E RASGA A TERRA
COM ÍMPETOS AMNIÓTICOS DE REGRESSO
AO MATERNAL E ORIGINÁRIO MAR.

EM COMPLEXA AGITAÇÃO VITAL SE MULTIPLICA
E LOGO O UNO SE FAZ MÚLTIPLO
E O INDIVÍDUO ALCANÇA DIMENSÃO UNIVERSAL.

NO SINGULAR DAS ÁGUAS O LAGO.
NA SOLIDÃO ESTAGNANTE O CHARCO.
NA INTEGRAÇÃO DO TODO EM TUDO
A JUSTIFICAÇÃO DO RIO
O ESPLENDOR DA FÚRIA E DO CAUDAL.

PARA NAVEGAR A VIDA O HOMEM
FAZ-SE RIO FAZ-SE BARCO.
AMARRADO AO LEME GANHA ASAS
E A DIMENSÃO DE UM DEUS
QUE SONHA E SE EMBRIAGA
COM O AZULADO MOSTO DO DISTANTE MAR.

O RIO HOMEM DILUI-SE EM HUMANIDADE
E FAZ-SE AO MAR.

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